quinta-feira, abril 20, 2006

Chegaste ofegante,

vinhas a correr da rua, numa gritaria que ninguém percebia. Quando paraste não conseguias proferir uma palavra que fosse, o teu corpo precisava de ar, e negava-te qualquer outra coisa que não fosse dares-lhes isso. Notava-se o teu esforço para falar, o teu esforço para lutares contra ele, para seres mais forte e dono das tuas vontades, mas demorou uns minutos até que acalmasses e finalmente conseguisses falar.

Enquanto tentavas acalmar o teu corpo, preparei-te um copo de água. Pareceu-me que quando conseguisses irias decerto desejá-lo. Não falhei. Pegaste-o, olhaste-me nos olhos e sorriste, levaste-o à boca e deste duas goladas, largaste-o em cima da bancada e finalmente começaste a falar. Um discurso muito baralhado, muito rápido em que as ideias surgiam a correr, era preciso redobrar a atenção para entender tudo o que querias dizer.

Sabes? Hoje descobri que o sol aquece e que a água refresca, que quando os pássaros cantam eu gosto de ficar parado a ouvir, que às árvores dão sombra onde me posso abrigar. Que se chove, eu gosto de sentir as gotas de água na cara, que gosto de correr, correr sem destino, que me agrada subir ao ponto mais alto e de lá poder olhar a terra toda. De ouvir as ondas do mar a tocar a areia, de sentir a terra molhada nos pés descalços. De rir sem razão, de te abraçar e sussurrar-te ao ouvido que és linda!

1 Comments:

Blogger Bimpolho said...

Quando publicares um livro quero uma copia autografada :)

Muito Fixe!!!!!

11:42  

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